Quem deu a ideia de voltar ao presencial?
Se quer engajamento terá que pagar com a moeda da liberdade e flexibilidade. Liberdade de trabalhar em qualquer lugar não é um detalhe prático, isso interfere nos sonhos das pessoas.
Nesta semana nosso TREND RADAR irá falar sobre AI E PRODUTIVIDADE NO TRABALHO, com direito a dicas de ferramentas e mini aula. Faça o upgrade de assinatura para participar da comunidade e receber toda semana minha análise de tendências.
Vou falar a verdade, tem dias
que depois do almoço eu preciso de um cochilo, coisa de 15 a 20 min e quando acordo me dá um boost pra trabalhar. Nesses dias eu sinto uma gratidão imensa pelo trabalho remoto.
Mas esse meu sentimento de gratidão é ampliado porque vem junto com uma sensação de quem prosperou na vida. Não que seja verdade, mas o sentimento posso dizer que carrego.
Pensa, quem já carregou a bolsa de marmita, dentro de ônibus público lotado em dia chuvoso e hoje pode trabalhar do sofá, é vitória! Daí pra frente é só lucro. ;)
É DERROTA
O nosso maior desafio pós pandemia, como diz o Ferreirinha, é que o paladar não retrocede. E quem experimentou home office dificilmente quer voltar ao presencial.
Tem empresa que simplesmente decretou a volta, tem empresa que estipulou um híbrido mas obrigatório, tem híbrido flex e tem quem resolveu não comprar “essa” briga e permaneceu no remoto, mas mesmo assim está penando com outros desafios.
Pode até estar ruim agora, mas era bem pior antes. A organização de trabalho anterior estava muito defasada, mas muitooo. Era um modelo desconectado do espírito do tempo.
Veja. O tempo em 2020 já pedia por mais uso das tecnologias, roupas confortáveis, ambientes menos formais, flexibilidade, gestão menos controladora, vida mais equilibrada, entre tantos outros pontos…
A pandemia e o trabalho remoto foi ligar o plugue com a tomada, o encontro perfeito de um novo modelo conectado aos interesses dos trabalhadores dessa geração. A gente não pode negar que esse upgrade foi uma conquista.
QUEM DEU A IDEIA?
Quem decretou a volta de forma compulsória está sofrendo com o turnover. Em enquete que fiz recentemente o que apareceu é que as pessoas até concordam num primeiro momento, mas na primeira oportunidade trocam de emprego. Vão procurar outro trabalho que, ainda que ganhem menos, tenham a flexibilidade desejada.
E mesmo aqueles funcionários que relatam sentimentos de isolamento e falta de conexão com a equipe na hora H de votar para voltar ao escritório preferem continuar em casa.
O RH fica louco. Faz pesquisa, fórum de debates, constrói juntos os novos modelos de trabalho, ou seja, decide tudo ouvindo todos os lados, pensando em prós e cons, analisa, contrata consultoria, e meses depois de tudo combinadinho começa a pipocar.
O estresse do deslocamento diário, as despesas de transporte e creche, estão entre as principais razões para a relutância da volta. O tempo afeta a qualidade de vida e a saúde mental das pessoas.
A vasta maioria prefere gastar esse tempo em hobbies, com amigos e familiares, ou em atividades mais significativas e não conseguem se imaginar para voltar ao escritório em período integral, mesmo que isso signifique perder oportunidades de desenvolvimento de carreira!
Não tem confusão de criança que compense 2 horas da vida perdidas no busão ou no trânsito. Tempo é nossa maior riqueza.
E quem acha que o híbrido não dá problema porque é uma opção que atenderia a todos também está se enganando.
Quem vai ao escritório tem na cabeça aquele lugar acolhedor de antes, mas ninguém está curtindo não ter sua mesa personalizada, ter que levar o próprio café, não sentar no lugar preferido ou poder escolher a mesa do lado do amigo. É tipo viajar e ficar no Airbnb tentando simular que está em casa.
Acho muita energia, tempo e dinheiro gastos em uma luta perdida.
Tem coisas que a gente vai passar a vida tentando, mas o ambiente de trabalho online nunca irá te oferecer. Engajamento é o problema desta década e tentar impor a cultura não vai funcionar, let people be the culture!
LET PEOPLE BE THE CULTURE!
Se quer engajamento terá que pagar com a moeda da liberdade e flexibilidade.
Liberdade de trabalhar em qualquer lugar, inclusive na própria empresa, mas quando quiserem.
Isso mexe com os sonhos das pessoas. Muitos sonham em mudar de país, morar numa casa de campo ou na praia e ninguém quer mais esperar a aposentadoria para realizar isso. Um empregador inflexível também é um destruidor de sonhos. Não tem nada que engaje mais do que viabilizar sonhos. O modelo presencial hoje é quase uma sentença de vida, se quiser ficar nunca vai poder se deslocar de endereço.
Sem contar que tem muito líder desengajado e sem maturidade pra fazer gestão online. Para esse tipo de líder a volta do presencial é melhor porque ele acredita que marca gol só com a sua presença.
Agora falando com quem está interessado num upskilling de gestão online.
Explorando o conteúdo da internet, encontramos o seguinte playbook de práticas para o líder melhorar o engajamento do time que está online:
Permaneça conectado e em comunicação constante É essencial promover ativamente a conexão para evitar sentimento de abandono.
Construa um ambiente online confiável. Para o trabalho fluir as pessoas precisam poder comunicar os atritos
Escolha as ferramentas certas: Utilize as ferramentas de comunicação apropriadas é fundamental!!! Estamos falando de plataformas online, como Slack, Teams, Meet, para manter a cultura organizacional ativa
Reuniões Regulares: Crie rituais (formatos repetidos) de encontros 1 a 1 e encontros Hands On criam espaços importantes de confiança entre pessoas do time e seus líderes
Manual de boas práticas online: Igual grupo de whatsapp, saca?
Atividades Sociais: Integre atividades sociais virtuais para que os funcionários se conheçam melhor e construam relacionamentos.
Foco na Colaboração: Evite que os funcionários trabalhem isoladamente, promovendo a colaboração em projetos com times multifuncionais.
Encontros Presenciais: Organize uma agenda de eventos presenciais para reunir os funcionários remotos que focam em experiências ou momentos de celebração
Agora veja que interessante.
Quando olho para esse pool de atividades que precisam acontecer para manter a galera engajada me lembra muito o papel de um gestor de comunidades online. No fundo é porque é muito disso.
Nossos colaboradores se tornaram followers das nossas empresas e a melhor pessoa pra manter essa agenda de seguidores conectada é um gestor de comunidade.
Porque na real é o que as empresas estão se tornando, grandes comunidades online. Faz sentido? Quem sabe a gente não precisa de gente assim no nosso time também.
PS: Gente, é sério que estou no vácuo. Sem like e sem comentário, hahaha. Não sei se é pela falta de hábito de dar like em newsletter ou se tá ruim mesmo, rs!
Me manda aqui nos comentários a sua opinião, será uma construção rica se for em conjunto ;)
Um beijo e boa semana pra vc!!!
FILME: Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!
Resenha: É uma comédia teen. Eu não costumo indicar trends do Netflix mas achei interessante e ousado Adam Sandler produzir um filme com a família inteira. Esposa e duas filhas. E ainda dar certo. Fico pensando que o cara chegou num ponto da carreira que ele quer mais se divertir e se der certo ganhar dinheiro. Admiro.
Parece que deu bom. O ator assumiu o papel de coadjuvante, como pai uma adolescente judia de 15 anos que, em plena expectativa para seu bar mitzvah, flagra sua melhor amiga beijando seu crush. Rende umas boas risadas.
Sobre a autora desta newsletter
Monica Magalhaes é especialista em inovação disruptiva, é palestrante e educadora de inovação. Também é fundadora da Agência Disrupta de Exploração de Futuro e construção de experiências de inovação.
Sou a favor do híbrido obrigatório.
Tenho um time de 12 pessoas e, após alguns testes, esse se mostrou o regime mais adequado para nós. O Home Office integral é limitante, pois não há conversa de corredor através de uma chamada pelo Teams. E muita coisa é discutida no café.
Por exemplo, eu não teria tanto contato com os estagiários e os juniores se não estivéssemos no mesmo ambiente de trabalho. Faz parte do crescimento profissional "ver e ser visto".
Sobre o híbrido livre ou o híbrido obrigatório, considero que dias fixos facilitam a organização do departamento. Um time pode organizar um dia fixo para que todos estejam presentes e possam sair para almoçar, por exemplo. Ou para um feedback pessoalmente (não adianta, não é a mesma coisa que um feedback online).
Na minha empresa sempre tivemos híbrido flexível, mesmo assim a adesão ao Office era baixa em alguns estados. Tínhamos os pulsos de encontro mensais com treinamentos e happy hour.
Agora voltamos híbrido 3 x na semana e a liderança 4x mas vejo pouca evolução...