A briga pelo mercado plant-based
A competição no mercado do leite entre startups e multinacionais de bebidas à base de plantas. Ordenhar uma ervilha requer muita ciência e tecnologia.
"Success is about evolution, change is healthy. I like to reinvent myself” - Faith Hill
Você pode não ter percebido ainda mas tem uma bela competição sendo travada hoje entre startups e multinacionais pelo mercado de bebidas à base de plantas. Ordenhar uma ervilha requer muita ciência e tecnologia, os investimentos são grandes mas a fatia do bolo também é, por isso que tem tanta empresa de olho nos $17 bilhões que esse mercado representa e esse número só tende a crescer.
A Oatly é uma marca de alimentos que produz alternativas aos lacticínios a partir da aveia e é uma das fabricantes mais bem sucedidas de bebidas à base de plantas. Surgiu de uma fazendinha no alto de uma colina da Suécia para um recente IPO na Nasdaq e saiu com um valuation de $10 bilhões. Essa última frase já conta muito do tamanho deste mercado.
E recentemente, apareceu no mercado seu mais novo e já maior concorrente, a Wunda da Nestlé, que é um leite feito de ervilhas. Depois de meses chafurdados em laboratórios e milhões gastos na tentativa de produzir a bebida mais proteica, a gigante de alimentos agora entra definitivamente na briga pelos milênios que consomem produtos alternativos à base de plantas.
A estratégia destas empresas não inclui apenas o foco nos diversos grupos veganos, vegetarianos, macrobióticos, ovo-lácteos ou intolerantes à lactose. A maior bandeira destas marcas hoje é defender a menor emissão de gases de efeito estufa na produção de leite vegetal, em comparação com as indústrias que usam o gado. Uma nova abordagem que usa alta tecnologia e sem incluir animais para gerar alimentos e bebidas ajudando a alimentar a humanidade e ao mesmo tempo conter o aquecimento global.
Toni Petersson, CEO da Oatly escreveu no seu material de divulgação antes da entrada na Nasdaq “Nosso objetivo é interromper uma das maiores indústrias do mundo - laticínios - e no processo liderar um novo caminho para o sistema alimentar”.
Também no páreo está a fabricante francesa de iogurtes Danone, que faturou € 2,2 bilhões em produtos de alternativas lácteas à base de vegetais em 2020.
O leite de soja é produzido na China há séculos, o leite de amêndoa também não é uma inovação recente. Mas os leites vegetais chegaram aos mercados europeu e americano recentemente. O aumento da conscientização sobre a intolerância à lactose estimulou a demanda por leite de soja nas décadas de 1970 e 80, e junto com eles veio uma nova geração de consumidores preocupados com a saúde.
Desde então, os leites vegetais não param de se multiplicar nas prateleiras dos supermercados. As famílias que buscam uma bebida vegana agora podem escolher entre aveia, caju, coco, cânhamo, ervilha, cevada, arroz, sementes de chia e outros. E nesse tempo o consumo da soja não acompanhou esse mesmo crescimento devido a preocupações com alergias e sua contribuição para o desmatamento.
Cada vez mais as vendas de leite vegetal têm sido impulsionadas por preocupações com a sustentabilidade, à medida que os clientes se tornam mais conscientes das mudanças climáticas. A pecuária produz 14,5% das emissões de gases de efeito estufa, quando se levam em consideração a alimentação, o transporte e outros fatores, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
Claro que os produtores de gado e de alimentos derivados ficaram incomodados com o avanço dos produtos plant-based se uniram em protesto pedindo no início do ano à União Europeia para proibir o uso de nomes como "leite", "queijo" ou "carne" em produtos que não contém proteína animal. Mas a solicitação foi negada e houve muita comemoração no grupo pró-vegan. Membros do parlamento europeu responderam que o processo foi uma perda de tempo, uma vez que produtos plant-based propõem uma mudança significativa para a sustentabilidade e menor impacto de carbono no planeta.
De olho na importância desta bandeira e na competição do mercado as marcas começam a rotular suas credenciais climáticas. Oatly traz em cada um dos seus produtos a pegada de carbono. E a Nestlé também aposta com a certificação neutra em carbono para o leite Wunda da Carbon Trust.
Daniel Ordóñez, diretor de crescimento de laticínios e produtos à base de plantas da Danone diz que também vem aumentando a comunidade de "flexitarianos" já que a tecnologia aprimorada está tornando os produtos à base de plantas mais saborosos, ajudando a atrair um público mais amplo.
O fato é que, o inovador disruptivo corre um alto risco por ser o primeiro a validar um produto no mercado. Aposta em altos investimentos em meio ao desconhecido e no incerto. Se ele conquistar o fit será o primeiro a se apropriar da terra das marcas e quem vier depois vai lutar muito por um espaço que já tem dono, é quando a gente começa a ver a briga pelo mercado e só sobrevive aquele que conseguir alcançar escala.
5' no futuro - news from the future
A crise humanitária dos refugiados no Afeganistão não é um problema distante e está a um clique da sua ajuda.
UNHCR apoia » HELP AFGHAN FAMILIES «Não existe futuro sem empatia! O » Global Lives Project « é uma biblioteca de filmes que registra 24 horas contínuas na vida de diversas pessoas ao redor do mundo. O projeto foi elaborado para fomentar a empatia e a compreensão intercultural.
As paralimpíadas acabaram com o grande lançamento desta campanha maravilhosa chamada #wethe15 que apoia o movimento de inclusão de pessoas com deficiência, hoje eles representam 15% da população do mundo. Clique no vídeo e conheça a campanha.
Um abraço e até a próxima semana! be fearless,
Texto publicado originalmente na coluna 5’ no Futuro da revista Época Negócio. Para ver outros conteúdos acesse este link.
Sobre a autora
Monica Magalhaes é empreendedora, palestrante e educadora. É especialista em inovação disruptiva e transformação digital.
Contato: hello@shelovesfuture.com.