"O todo é maior do que a soma de suas partes"
No ano de 2012, a Google iniciou um projeto milionário e nomeou de "Aristotle". Seu objetivo era mapear todas as informações possíveis sobre times de projetos, transformar isso em dados e tentar encontrar um padrão que resultasse em características para um time perfeito.
E assim fizeram, analisando dados e procurando tais similaridades que pudessem ser uma resposta, em mais de 180 times de projetos. Por dois anos.
Se o objetivo principal de mapear o perfil de um time perfeito não fosse possível o plano B era ao menos entender por quais motivos alguns times falham. Qual a combinação de fatores deveria ser evitada.
No resultado da primeira onda da pesquisa uma hipótese inicial foi encontrada: Times que atingiam seus objetivos tinham alto nível de entrosamento e amizade, relacionamentos que se estendiam além do ambiente de trabalho.
Mas os pesquisadores não encontraram nenhum padrão que pudesse confirmar essa tese comparando com outros times de projeto. Nenhuma combinação de skills, personalidades ou experiencias conseguiram comprovar o que de fato funciona. Nada fazia sentido.
Até que na segunda onda de pesquisa, algo foi notado. Um possível padrão. A equipe de pesquisa teve uma simples percepção de um sentimento que permeava entre os melhores times. Uma vibe diferente. E começaram a tentativa de traduzir isso em dados.
Agora vem a parte mais interessante da pesquisa:
Encontraram em primeiro lugar, uma igualdade de conversa. Todos os integrantes do time participavam e comentavam durante as reuniões de forma proporcional. Essa descoberta foi nomeada como "Igualdade na distribuição da conversa”. Enquanto nos times de sucesso havia este equilíbrio participativo, em outros times havia a percepção de que em reuniões apenas uma ou duas pessoas do time eram mais participativas.
Em outras palavras, quando apenas poucos participantes do time tem a oportunidade de falar e expor suas opiniões a qualidade intelectual coletiva diminui muito.
Em segundo lugar, todo o time precisa ter um bom nível de empatia e inteligência emocional. (Um teste foi feito para avaliar o skill de inteligência emocional de cada time, mostrando uma foto dos olhos de uma pessoa e perguntando para cada um o que achavam que aquela pessoa estava sentindo. Não precisa ser uma resposta assertiva mas observar para entender o quanto ele é capaz de analisar sentimentos.)
A pesquisa enfim concluiu que o que importa não é a pessoa que está no time, ou seus diferentes skills, mas sim se ela se importa com os outros. Times onde todos tem espaço para falar, são bons ouvintes e atenciosos uns com os outros criam uma atmosfera psicologicamente segura para cada integrante da equipe e isto tem total impacto positivo para o sucesso do projeto.
O resultado foi resumido em 5 itens com as características de um time perfeito para o Google. Em ordem de importância:
1 — Segurança psicológica. A equipe deve sentir segurança e apoio na liderança, sentir que podem tomar risco, errar e demonstrar sua vulnerabilidade abertamente.
2 — Confiabilidade. Saber que podem contar uns com os outros, que todos darão o seu melhor de tempo e conhecimento, para manter os padrões de qualidade Google.
3 — Planejamento e Transparência. Os objetivos, regras e planos tem que estar claros para todos do time.
4- Significado/Propósito. Tem que ter valor pessoal para quem está realizando a tarefa e para o time.
5 — Impacto. O time tem que saber que o seu trabalho importa e que realizam mudanças através dele. E saber exatamente o impacto que aquele projeto trará para a empresa.
Conclusão: Google investiu 2 anos e milhares de dólares nessa pesquisa para encontrar quais são as características de um time perfeito. E nós só precisamos entende-las e aplicá-las. Adotar metodologias Agile e Lean e usar as ferramentas DevOps não bastam, é preciso dedicar um tempo com a equipe e revisar estes 5 pontos de sucesso.
A reflexão que esse aprendizado me trouxe é: o que estou fazendo para dar total suporte e apoio para que cada pessoa do meu time se sinta totalmente seguro para expor sua opinião?
Espero ter contribuído também para a sua reflexão.