A geração Climate Change que consome Fast Fashion
O que está acontecendo com os padrões de consumo da Geração Z, a geração sustentável e defensora do lema “people, planet and purpose”?
“You cannot get through a single day without having an impact on the world around you. ” — Jane Goodall
O termo fast fashion deriva do comportamento de uma geração que consome a moda rápida e curte uma renovação constante de suas peças de roupa. Mas além disso, o “Fast Fashion” também é uma estratégia como modelo de negócio para marcas lançarem novos produtos a cada 15 dias.
A gigante chinesa Shein, por exemplo, vem chamando a atenção nos últimos anos ao alcançar números assustadores quando comparados a empresas do mesmo segmento. Com seis mil itens novos lançados por dia em seu aplicativo, e avaliada em 100 bilhões de dólares, sem possuir uma loja física sequer, a marca hoje vale mais do que as gigantes da moda Zara e H&M juntas.
No Brasil, a marca também vem incomodando muitos varejistas. Pela regra vigente, pessoas físicas são isentas de taxas de importação e custos aduaneiros para compras abaixo de $50, com isso abrindo um espaço para que a marca estrangeira cresça.
Paralelo a isso, vivemos em um tempo onde nunca se falou tanto sobre sustentabilidade e ratings ESG para empresas. Mas isso não parece impactar em nada o movimento de crescimento da companhia - galera teen ama a Shein e muitos adultos também. Mas o verdadeiro relacionamento sério com a marca está nos fundos de investimento. Gigantes do mercado financeiro como Tiger e Sequoia Capital fazem parte do grupo que injeta muito dinheiro num modelo de negócio que, ao contrário do que pode parecer, não está nada desgastado.
Mas entre um consumo volumoso do segmento, junto com a visibilidade das pautas ESG, fica o questionamento: não era essa a geração sustentável? Preocupada com o aquecimento do planeta, em consumir menos e reutilizar? Defensores do lema “people, planet and purpose”?
Parece que essa ainda não é a bandeira da maioria.
Em uma declaração polêmica dada pela atriz e influenciadora Jade Picon no mês passado, a atriz comentou em um episódio de podcast o fato de não gostar de repetir roupas. Por gostar de sempre inovar, depois que “posta uma foto com o look, ele desaparece da face da Terra.”
Uma fala que dividiu opiniões no debate e criticada por muitos, ela não deixa dialogar com os padrões de consumo que temos presenciado.
A emergência climática derivou vários movimentos em prol da sustentabilidade, como a economia circular, a compartilhada e o slow fashion, criando comunidades ao redor do tema que estão crescendo, mas que ainda continuam sendo nichos a serem explorados por marcas quando comparados ao grande público consumidor.
Sobre o comportamento de consumo sustentável podemos concluir duas coisas:
Mesmo com tanta informação, uma coisa não mudou - a desigualdade social. Quando a luta ainda é pela necessidade de sobreviver com o básico, primeiro vem o “eu”, e depois o planeta. A diferença é que na Geração X (adolescentes em 1990) os jovens com baixa renda compravam suas roupas na José Paulino ou na 25 de Março, ruas de atacado aqui em São Paulo, já a Geração Z dos adolescentes de hoje usam roupas de empresas como a Shein.
E mesmo a galera teen com grana também consome no e-commerce chinês, mostrando que a agenda de educação para sustentabilidade ainda não é uma pauta levada a sério pelo governo, nas escolas ou nas famílias. Como podemos mudar isso?
Até a próxima semana. Let the fear drive you!
Sobre a autora
Monica Magalhaes é especialista em inovação disruptiva, future thinker, empreendedora, palestrante e educadora de inovação. Contato: hello@shelovesfuture.com.