Réguas de sucesso no século 21
Fuja dos grupos que estabelecem réguas de sucesso que não são as suas.
"Success is about evolution, change is healthy. I like to reinvent myself” - Faith Hill
O dicionário Oxford define sucesso como “a realização de um objetivo ou propósito”. Embora essa definição seja bem abrangente, o que vemos na prática ainda é uma realidade muito restrita e direcionada, que vem sempre associada a bons cargos, grandes salários, contratos milionários e ao mundo dos negócios.
Já tem mais de 50 anos que as mulheres entraram pra valer no mercado de trabalho, mas meio século é quase nada para mudar uma história. Quando entramos em campo nos anos 70, trouxemos junto os padrões masculinos, adotamos o que era sucesso para os homens e até hoje carregamos esses vieses em nossa cultura.
A Harvard Business School publicou o resultado de uma pesquisa com 4.000 homens e mulheres para entender o que era sucesso para cada pessoa e constatou grandes diferenças.
- Mulheres têm mais objetivos ao longo da vida e, ao contrário dos homens, menos deles se concentram no poder.
- As mulheres percebem o poder profissional como menos desejável do que os homens.
- As mulheres antecipam resultados mais negativos ao atingir uma posição de alto poder.
- As mulheres têm menos probabilidade do que os homens de aproveitar as oportunidades de promoção profissional.
Embora mulheres e homens sejam igualmente capazes de alcançar posições de liderança de alto nível, os homens desejam esse poder mais do que as mulheres e isso nos mostra que estamos mais copiando um modelo do que criando nossa própria identidade.
Uma pesquisa de 2018 mostrou que o número de mulheres em cargos de CEO nas empresas Fortune 500 diminuiu 25%. São décadas de um movimento ativo de inclusão para um movimento mínimo. Poderíamos explorar as diversas teorias a respeito da queda na participação, mas meu objetivo aqui não é questionar o resultado e sim a régua. Quem dá o número? Quem colocou a marca? Sobre o que ela diz? É claro que ser CEO em uma grande empresa é uma conquista para poucos e bons, mas não representa necessariamente a aspiração e o sonho de todas. Acho justo também cobrarmos e lutarmos pela inclusão e igualdade para aquelas que aspiram tal meta, mas não estabelecer um discurso direcionado dentro do empoderamento feminino que destaque as conquistas somente desse grupo de mulheres.
Tenho a impressão que o movimento reafirma o conceito de sucesso do universo masculino dos anos 70, de que a mulher de destaque é aquela com conquistas dentro do universo corporativo e esquecemos que apenas uma parte das mulheres almeja isso de fato.
O que é sucesso para você? Quem ainda está na busca por essa resposta corre um grande risco de ser influenciada e ter sua saúde mental comprometida ainda que inconscientemente com o bombardeio desse reforço positivo do sucesso corporativo dentro dos filmes, das redes sociais e dos grupos de whatsapp. Estes, aliás, são os mais nocivos.
Adoramos um grupo para trocar experiências, fazer network e nos conectarmos com pessoas inspiradoras. O problema é que não avaliamos bem o que de fato é empoderado ali, quais são as réguas de sucesso estabelecidas por quem está lá e avaliar se é algo positivo e inspirador de fato.
Com o tempo começamos a nos sentir pouco representadas, sem muitas conquistas, sem evolução, procuramos falhas, começamos a copiar e repetir comportamentos para buscar alcançar as mesmas marcas.
Empoderar é dar suporte para todas as escolhas, sejam as executivas, as mães, as empreendedoras, as esportistas, as aventureiras etc. Para cada uma delas o sucesso é uma meta diferente, pode ser uma promoção ou um cargo ou a alimentação saudável dos filhos, por exemplo. Todas merecem ser empoderadas.
Além do mais, as nossas referências de sucesso também mudam ao longo da vida, às vezes a mudança vem junto com a maturidade, mas também para acompanhar a evolução do mundo. Revisitar nossas réguas pessoais de sucesso é tão importante quanto reorganizar conexões digitais, pessoas e grupos que nos inspiram.
Se você está num grupo de empoderamento, certifique-se de que ele abraça de fato o que te inspira. E se você é a moderadora ou uma participante ativa, exercite o olhar mais inclusivo, incentive e reconheça as conquistas de todas.
5' no futuro - news from the future
A crise humanitária dos refugiados no Afeganistão não é um problema distante e está a um clique da sua ajuda.
UNHCR apoia » HELP AFGHAN FAMILIES «Não existe futuro sem empatia! O » Global Lives Project « é uma biblioteca de filmes que registra 24 horas contínuas na vida de diversas pessoas ao redor do mundo. O projeto foi elaborado para fomentar a empatia e a compreensão intercultural.
As paralimpíadas acabaram com o grande lançamento desta campanha maravilhosa chamada #wethe15 que apoia o movimento de inclusão de pessoas com deficiência, hoje eles representam 15% da população do mundo. Clique no vídeo e conheça a campanha.
Um abraço e até a próxima semana! be fearless,
Texto publicado originalmente na coluna 5’ no Futuro da revista Época Negócio. Para ver outros conteúdos acesse este link.
Sobre a autora
Monica Magalhaes é empreendedora, palestrante e educadora. É especialista em inovação disruptiva e transformação digital.
Contato: hello@shelovesfuture.com