5' no Futuro - A criatividade em declínio
Como vencer a crise de criatividade do século 21
Melhores insights e dicas da semana, por Monica Magalhaes.
"Creativity is intelligence having fun” - Albert Einstein
De vez em quando aparece um estudo e outro que ratifica essas nossas percepções. Quando vejo minha filha de 10 anos junto com os amigos e cada um conectado em seu device, faço julgamentos sobre a geração atual, sobre sua capacidade criativa e comportamento frágil. Na mesma idade eu estava subindo em árvores, jogando taco (uma versão menos elaborada do críquete?) e correndo tanto que gastava 2 havaianas no ano.
Provavelmente meus pais também achavam a minha geração irresponsável e preguiçosa. Afinal, aos 7 anos ele já trabalhava em lavoura de café enquanto eu corria atrás de bola. Ignorar a teoria dos mais velhos é sempre o caminho mais fácil, somos todos adultos rabugentos, mau humorados, reclamões e agora cringes.
Um estudo recente chega para validar todo nosso achismo. Estamos mesmo perdendo a criatividade ao longo das últimas décadas e o maior vilão é o conforto e a vida conectada do século 21.
Uma história interessante: Quando a escrita surgiu, o filósofo Platão criticou a inovação dizendo que isso destruiria a inteligência das crianças porque não seria mais necessário registrar na memória tudo aquilo que fosse possível descrever. Quando eu soube disso, entendi a relação da evolução da humanidade versus o declínio da esperteza.
O Teste Torrance é usado há décadas para avaliar a criatividade humana, fato crucial e importante para a pesquisa, pois termos esses dados históricos permitiu aos pesquisadores rastrear as pontuações ao longo dos anos e gerar comparações com períodos recentes. Até hoje, o teste de Torrance é considerado um dos maiores indicadores para medir o sucesso das pessoas. Mensurar a criatividade é muito mais eficiente e faz muito mais sentido no século 21 do que os tradicionais testes de QI do passado.
No século 20 os dados dos testes de Torrance identificaram que a inteligência humana crescia 3 pontos por década. Essa teoria ficou conhecida como a Flynn effect. Porém, a partir da década de 1990 as pontuações começaram a despencar, um declínio de 2 pontos por década e não estamos falando apenas dos testes de inteligência criativa que estão andando para trás mas a nossa inteligência quantitativa também está. Ao que parece entramos definitivamente em crise de criatividade, como bem relata Michael Easter em seu livro "The Comfort Crisis".
Segundo ele, o motivo pelo qual a criatividade coletiva está em declínio é quase óbvio: vidas apressadas, agenda cheia e tempo demais gasto em entretenimento nos dispositivos eletrônicos. Em resumo, estamos passando tempo demais nas telas nos distraindo com bobagens que não nos acrescentam em nada e estamos tão ocupados com outras agendas que não sobra tempo livre e ocioso para que a criatividade floresça. Estamos sempre sobrecarregados e somos super estimulados com nosso estilo de vida do século 21.
Como reverter essa situação? É possível?
Pois bem, agora vamos à parte interessante, como reverter tudo isso? É possível?
As dicas do autor da pesquisa não sugerem mudança na nossa rotina, mas observar e entender nossa relação com o tempo livre. Estamos sempre querendo otimizar a vida, fazendo duas ou mais coisas ao mesmo tempo. Estamos rodeados de livros e canais que nos ensinam técnicas para nos tornarmos mais produtivos, o que não nos dizem é que isso acaba com nosso estímulo criativo.
Se a agenda atual não permite longos descansos e pausas, precisamos criar outras oportunidades de ócio criativo. A ciência mostra que o tédio aumenta a nossa criatividade, mas a mente vazia em atividades repetitivas e rotineiras também pode ser considerada estado de tédio, como a hora do banho, enquanto dirigimos ou quando estamos caminhando, por exemplo.
Agora, não adianta tentar fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, dirigir com rádio ligado não cria espaço para o tédio criativo, tomar banho ouvindo música ou caminhar ouvindo podcast também não permite produzir criatividade. Einstein sabia disso, e passava horas em seu veleiro, deixando sua mente gestar ideias brilhantes que anos depois revolucionaram nossa compreensão sobre muitas coisas.
A nossa crise de criatividade pode ser vencida. Para o nosso bem e o das próximas gerações. Para recuperarmos nossa mente imaginativa de criança precisamos agendar tempo para pensar. Experimente bloquear a agenda para passar tempo com você em uma caminhada. Ainda que você seja um atleta, caminhe sem pretensões físicas, apenas para organizar e limpar a mente. Você pode ter a sensação de que está perdendo tempo ao fazer isso. Perdendo tempo que poderia estar usando para fazer outras coisas. Quando na verdade é o contrário, este tempo está sendo utilizado para alimentar a sua criatividade.
5' NO FUTURO - NEWS FROM THE FUTURE
O primeiro videoclipe criado com inteligência artificial. First-Ever!
Bastou produzir a letra e inserir algumas fotos dos integrantes da banda e o computador fez todo o restante. De todas as inovações que vejo a indústria da música é a que mais me espanta. O streaming foi apenas um pezinho na água perto de toda revolução que veremos nos próximos anos.
O mais bacana é ver os dinossauros do rock como a banda Duran Duran se reinventando e navegando em outros mares. Veja abaixo o primeiro videoclipe criado com inteligência artificial.
Negócios do Futuro
Quando a gente não consegue imaginar mais nada para a economia compartilhada aparece a @swimply.official, o Airbnb para piscinas. Sucesso total no verão americano!
A sharing economy sempre nos surpreende! Dizer que vai alugar sua piscina para estranhos pode parecer uma coisa esquisita no início, mas aos poucos a gente se acostuma com as inovações e elas se tornam parte integrante do mundo que vivemos. Primeira coisa que pensei, como o próprio Airbnb não pensou nisso? Pois é, mesmo os mais inovadores podem ser disruptados.
O fundador Benin Laskin um dia olhou para a piscina do vizinho subutilizada e teve seu momento A-HA, aquela ideia que mudaria sua vida. “Porque não alugar a piscina de estranhos para algumas horas?” E foi assim que nasceu a @swimply.official que em breve deve se tornar unicórnio.
Um abraço e até a próxima semana! be fearless,
Sobre a autora
Mônica Magalhães é Especialista em inovação, estrategista de transformação digital para indústrias. É empreendedora, palestrante e educadora. Future Thinker e colunista na revista @epocanegocios. Contato: hello@shelovesfuture.com.