#1 - a primeira 5Min
Eu não gosto de emails. Sempre que preciso enviar um email me sinto no século passado. Quanto mais mobile me torno, menos sentido um email faz.
E como chegamos dessa definição até a criação desta newsletter? Bom, foi uma construção, com muitas teorias a serem testadas ainda. O fato é que existe muito barulho nas redes sociais. Dentro das redes o processo de “info-toxicação” parece mais latente.
Também passei a analisar meu próprio comportamento com meus emails. Na verdade eu não curto receber spams e emails comerciais. Mas sou assinante de poucos e bons conteúdos e por estes eu espero ansiosamente receber como as newsletters da The Economist, New York Times e do Scott Galloway. Tem ainda as newsletters da Quartz da qual sou assinante há dois anos, e influenciada por artigos como este da FastCompany.
Gosto de conteúdo! E como é bom receber um conteúdo bacana no meu email e saber que ele está ali esperando por mim. Sem FOMO. Ele não irá sumir em 24 horas e nem se perder no barulho das redes sociais. Não fico perdida em mim mesma tentando lembrar se eu tirei um print e está no meu rolo de câmera, ou cliquei no salvar, compartilhei comigo mesma? Sem organização, fico perdida nas dezenas de funcionalidades.
Aqui a proposta é uma conversa 1 a 1 + n. Estou apostando nesse conceito de futuro privado. Falar apenas com que me concede a permissão. Me dedicar com maior valor para quem aprecia uma boa leitura.
Nesse sentido, o email se torna muito poderoso. A primeira de todas as mídias sobreviveu e está se reinventando.
Batizei minha newsletter com o nome “5 Min no Futuro”. Uma brincadeira que já fazia em posts onde o exercício era justamente provocar por 5 minutos um descolamento do tempo presente. Se permita desconectar por alguns minutos de toda realidade que te cerca. Crie comigo teorias e hipóteses a respeito do futuro. Além de tudo, um exercício de criatividade.
Essa é minha estreia, minha newsletter número #1.
Antes de trazer qualquer outro conteúdo, quero compartilhar meu post mais curtido até hoje. Não é o meu preferido, mas por alguma razão foi bem recebido e ainda está mais atualizado do que nunca!
A TEORIA DAS 10.000 HORAS
Já tem mais de 10 anos que Malcolm Gladwell apareceu na lista dos best sellers com o livro “Outliers, fora de série”.
O livro explica a teoria das 10.000 horas, que resumidamente diz “qualquer que seja a coisa que você se propor a estudar, se treinar por 10.000 horas, será um dia um especialista”.
Funcionaria para tudo, de esgrima, pintura à aviação.
Na época me lembro que achei a teoria incrível. Aquela sensação de ter descoberto a fórmula do sucesso. Como alguém conseguiu mensurar e ainda tornar estimulante um objetivo a longo prazo!
Todos temos uma relação esquizofrênica com o tempo. Se ainda é distante não nos sentimos motivados, porém quando está próximo nos sentimos estressados.
Isso é assim desde sempre, é como dizer para minha filha de 9 anos que ela precisa estudar a tabuada de matemática por que caso não estude não irá se dar bem na prova do vestibular daqui alguns anos.
Porém hoje, 10 anos depois, em um mundo totalmente vulnerável e flexível, refleti sobre essa teoria e entendi que ela não faz mais sentido.
Precisamos quebrar a nossa visão de tempo linear e entender que o tempo agora é espiral. Avançamos, mas às vezes parecemos próximos de onde iniciamos, porém, não conseguimos retroceder.
Investir muito tempo para ser um especialista em uma mesma atividade é uma teoria que não faz mais sentido neste novo contexto de aceleração de tempo. Onde o conhecimento comprovadamente se deteriora em 6 meses.
Talvez ainda faça sentido se estamos falando que você deseja competir um esporte olímpico, mas no mundo das profissões de hoje a verdade é que não temos mais essa disponibilidade.
Passar 5 anos estudando uma única coisa, pode ao contrário criar um vácuo de aprendizado, um gap de desatualização difícil de preencher.
Fazendo uma analogia com o futuro da educação, precisamos questionar se faz sentido nossos filhos passarem 5 anos da vida deles em universidades. Veja que, ao escolher um curso e analisar a grade de ensino, isso foi planejado desde o início para que seja o mesmo até o fim. Não contratamos currículo aberto e adaptável. Porém, em 5 anos qualquer plano que não seja ajustado estará defasado na velocidade exponencial que vivemos hoje.
Todo ano saem listas e mais listas de novos skills. As profissões promissoras e outras substituíveis. Anualmente uma enxurrada de coisas novas. Causa FOMO? sim! Muito mais mental do que mudança de fato. A evolução das inovações ainda caminha em baby steps, não é tão rápido como parece. Mas também é fato que nos acomodamos nela.
Em 5 anos é possível fazer pelo menos 5 diferentes especializações. Mas tem que ter pique para ir atrás de tudo isso. Começar coisas novas sempre. Sair da inércia e procurar a problemática, a mudança. É para poucos. Por isso o ditado “para ter o que poucos tem, é preciso fazer o que poucos fazem”.
Até a próxima semana.
be fearless,