Uma guerra passando pelo seu feed
Entre as fotos de bebês e gatinhos vemos os posts da destruição, uma mistura que aos poucos vai tirando a sensibilidade das pessoas para a gravidade da situação.
“The true soldier fights not because he hates what is in front of him, but because he loves what is behind him.” — G. K. Chesterton
Essa pode não ser a primeira mas é com certeza a guerra mais documentada da história. E se tem uma coisa que estamos aprendendo com um conflito mundial em 2022 é que as redes sociais são tão poderosas quanto tanques e mísseis de guerra.
À medida que os vídeos e memes se espalham pelo Twitter, TikTok e Instagram, torna-se evidente que estamos em uma nova era, o público agora simplesmente abre seu aplicativo de mídia social para ver o bombardeio mais recente em alta definição.
Mas estamos conhecendo agora o verdadeiro poder da mídia social e ele tem representado um elemento transformador no conflito. Os ucranianos estão transmitindo cenas do campo de batalha em tempo real e qualquer pessoa com um smartphone em mãos faz o papel de um correspondente e é de post em post que a guerra fica mais perto de você.
Mas existe aqui um risco grande, vermos essas notícias bizarras e catastróficas no feed das redes sociais, tudo ali misturado com as fotos do fim de semana na praia, do noivado da sua prima aos bebês e pets dos amigos, tudo isso que aos poucos vai tirando a sensibilidade das pessoas para a gravidade da situação. A abundância das informações dão a esses eventos devastadores um ar de normalidade e levam pessoas a subestimar sua gravidade.
Embora a mídia social conecte pessoas em todo o mundo de maneiras sem precedentes, ela tem armadilhas. Percebemos esse efeito na banalidade como temas desastrosos são tratados, vendo fazendeiros dirigindo tanques de guerra, civis portando armas que nunca foram treinados para usar e a quantidade de memes no TikTok mesmo diante da quase iminente terceira guerra mundial.
Um fato: certamente uma guerra que Putin não tinha planejado!
Na era digital, os conflitos são travados não apenas no solo ou com drones, mas também no Twitter. Nos raros vídeos que faz, ele aparece sentado sozinho em uma mesa de 10 metros de comprimento e que entregam rapidamente sua falta de habilidade em comunicar. Já seu oponente, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem mostrado toda sua habilidade em usar as mídias sociais, postando vídeos em trajes casuais, junto com quem está lutando pela liberdade do país e instantaneamente relacionável.
Zelensky além de ser de outra geração já digitalizada tem experiência em mídia e entretenimento, sabe que pode alcançar um público maior diretamente de seu feed do Twitter ou canal do YouTube e utiliza dessa arma para alavancar seu exército de cancelamento. Fechem suas empresas para a Rússia! Enquanto isso, os dinossauros do Kremlin perdem a guerra da informação.
Meta e TikTok fecharam suas redes para a mídia estatal russa pressionados por seus usuários a agir. O YouTube tomou a mesma decisão logo em seguida. Já o Twitter ainda permanece, porém tentando ajustar seus algoritmos para limitar a disseminação da propaganda do governo russo.
O boicote digital não para. Da fabricante de chips Intel a bigtechs como a Apple, Uber e Netflix todas cortaram relações comerciais com a Rússia ou se opuseram ao controle do Kremlin em uma demonstração global de solidariedade com a Ucrânia.
O McDonalds fará muita falta para o fastfood russo mas nenhum destes boicotes terá tanto impacto quanto a decisão de retirada tomada pelas plataformas de mídia social, particularmente por causa de seu papel central na guerra de informações.
A maior parte das big techs de mídia social nasceram na era pós-guerra. Viveram uma época em que a paz reinava e permitindo que o Vale do Silício se promovesse como o administrador neutro de um mercado global de ideias. Mas viver essa situação na prática é algo novo e nada simples de se fazer.
Um conflito ético entre a necessidade de defender os princípios de liberdade de expressão para permitir que os russos tenham acesso a informações independentes ou agir com posicionamento e escolher um lado atendendo às exigências dos políticos e usuários das plataformas. A situação é nova e pede por ações nunca antes cogitadas, mas o fato é que tais decisões terão impacto para o futuro.
Até a próxima semana.
Let the fear drive you ;)
DICA DE CONTEÚDO BOM :)
Mini série com relatos exclusivos de sobreviventes e filmagens reais enriquecem esta série documental emocionante, que fala sobre o terremoto que abalou o Nepal em 2015. Muito inspirador. Clique na imagem para acessar o link ;)
VEM CONFERIR O CONTEÚDO DA SEMANA NO INSTA ;)
Sobre a autora desta newsletter
Monica Magalhaes é fundadora da Disrupta -Estratégias de Futuro. Também é especialista em inovação disruptiva, future thinker, palestrante e criadora de conteúdo.
Para conhecer mais acesse www.shelovesfuture.com e conecte-se comigo nas minhas redes sociais ;)