Saúde: O hiper-diagnóstico chegou
E não estamos emocionalmente preparados para lidar com essa quantidade e principalmente profundidade de informações que teremos da nossa saúde.
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Você faria um exame com hiper-diagnóstico? Agora, de início, provavelmente, a sua resposta será sim, afinal de contas, quem não quer saber dos problemas o quanto antes para poder agir? Mas vamos ver como a sua resposta fica no final do texto ;)
CHECK-IN
✓ O HIPER-DIAGNÓSTICO CHEGOU: Isso pode ser incrivelmente empoderador, mas também desafiador;
✓ UM CASO REAL: Bora falar sobre a polêmica Prenuvo;
✓ COMO SE PREPARAR: "Literacia em saúde" será o alicerce para fazermos boas escolhas no futuro;
✓ CONCLUSÃO (SERÁ QUE TEMOS ALGUMA?): Saúde não é apenas física, mas também emocional.
O HIPER-DIAGNÓSTICO CHEGOU
À medida que a tecnologia e a medicina avançam, é natural esperar que tenhamos acesso a uma quantidade maior de informações sobre nossa saúde. Isso pode ser incrivelmente empoderador, mas também desafiador. Meu maior aprendizado aqui enquanto estudava o tema para escrever pra vocês foi entender que não estamos emocionalmente prontos para lidar com essa quantidade e principalmente profundidade de informações que teremos da nossa saúde. E que talvez essa, seja uma habilidade crucial que ainda precisamos desenvolver.
Hoje, ainda podemos dizer que nossos métodos tradicionais de triagem de doenças, como Ultrassom, Raio-X, Tomografias, Ressonância Magnética e até mesmo o Pet Scan, geralmente se concentram em partes isoladas do corpo e por enquanto são todas máquinas sem conexão com inteligência artificial e com diagnósticos médios. Tipo, precisa estar claro que tem algo pro médico bancar o diagnóstico.
Mas quando falamos de medicina no seu potencial já nos dias de hoje (e não no futuro distante) é certo pensar que temos tecnologia suficiente, que já permitem exames abrangentes que poderiam identificar problemas de saúde precocemente. Podemos dizer que esses exames ainda não se tornaram “mainstream”, mas já existem.
Veja que não estamos falando de exames de análises genéticas que indicam probabilidades. Esses já estão no mercado há um tempo e com uma gota de sangue coletado em casa você recebe um descritivo de todas as probabilidades de doenças. Mas a parada aqui é outra, é o mapeamento em micro estágio, ou seja, algo que já existe e foi detectado muito no seu início.
UM CASO REAL
O tema polemizou nos EUA com diversas celebridades divulgando o body scan da Prenuvo. É verdade que lá fazer exame de rotina não é nada trivial. É comum a pessoa ter que mentir que sente alguma dor, para que o médico prescreva um exame de Ultrasson por exemplo.
Olhando pra essa “dor” no mercado, a startup chamada Prenuvo, sediada em Vancouver, Colúmbia Britânica ( que já levantou US$ 70 milhões em uma rodada da Série A) fornece exames de ressonância magnética (MRI) de corpo inteiro aos consumidores com nano-diagnóstico.
A empresa afirma ser capaz de detectar mais de 500 doenças ou anormalidades, incluindo cânceres em estágio muito inicial, ao obter imagens do interior do corpo das pessoas.
Claro que detectar câncer ou outros distúrbios precocemente é uma ideia atraente por oferecer maior possibilidade de cura e tratamentos. Porém, alguns médicos e especialistas argumentam que essa abordagem pode fazer mais mal do que bem em pessoas saudáveis. O processo de investigação, por exemplo, pode ser perigoso, invasivo e potencialmente causar estresse físico e mental desnecessário.
A Prenuvo cobra entre US$ 1.000 e US$ 2.500 por exames de corpo inteiro, dependendo do tipo de exame, e não aceita seguro de saúde. A empresa não divulgou quantas pessoas foram examinadas, mas afirma ter ajudado a fazer quase 250.000 diagnósticos médicos, e diz que encontra câncer em 1 a cada 20 pessoas examinadas, sendo que em 95% das vezes é no estágio 1. Ele descreve o processo de obtenção do exame, que é feito sem a necessidade de injeções ou contraste.
Ainda não há pesquisa que diga o quanto exames precoces melhoram a vida das pessoas. Uma questão é, será que somatizar todas essas emoções que emergem depois das informações recebidas pode acelerar doenças precoces? Será que fatalmente elas se desenvolveriam? Por outro lado, existem dados reais de detecção inicial e cura.
COMO SE PREPARAR
A educação desempenhará um papel fundamental. À medida que a tecnologia avança, também podemos esperar o desenvolvimento de ferramentas de gerenciamento de saúde. Aplicativos e programas poderão ajudar a organizar e interpretar registros médicos, tornando mais fácil o acompanhamento de sua saúde. Quanto mais compreendermos sobre anatomia, fisiologia e princípios básicos de saúde, mais bem equipados estaremos para entender e avaliar as informações disponíveis. Isso se chama "literacia em saúde" e será o alicerce para fazermos escolhas bem informadas.
Outro ponto importante será o de saber filtrar as fontes de informação. Nem toda informação de saúde é igualmente confiável. Opte por fontes reconhecidas, como sites de organizações de saúde, instituições acadêmicas e profissionais médicos. Evite informações de fontes não confiáveis ou sensacionalistas.
As informações de saúde baseiam-se em pesquisas, buscar e compreender a qualidade desses estudos, conceitos estatísticos básicos e reconhecer vieses de pesquisa permitirá interpretar informações científicas com mais crítica. A comunicação aberta com seus médicos também é fundamental. Eles podem explicar resultados de testes, orientar sobre tratamentos e responder a perguntas sobre sua saúde.
CONCLUSÃO (SERÁ QUE TEMOS ALGUMA?)
Penso que é importante encontrar um equilíbrio entre a prevenção e a ansiedade, porque no fundo é sobre isso. Usar informações de saúde para a prevenção é excelente, mas sem se tornar excessivamente ansioso. Afinal, nem todo sintoma é necessariamente um sinal de doença grave.
Saúde não é apenas física, mas também emocional e desenvolver o controle sobre essa ansiedade é muito importante. Lidar com informações de saúde no futuro será uma habilidade valiosa, pois permitirá aproveitar ao máximo os avanços médicos, tomar decisões informadas e manter o bem-estar físico e emocional. O segredo está em encontrar o equilíbrio entre o empoderamento pelo conhecimento e a gestão saudável das informações, sem cair na paranoia ou na ansiedade.
Boa semana, be fearless!!!
SÉRIE DOCUMENTAL: O SEGREDO DAS ZONAS AZUIS
Resenha: As Zonas Azuis são regiões geográficas do mundo onde as pessoas têm uma alta taxa de longevidade. O termo foi criado por Dan Buettner, que teve a oportunidade de viajar pelo mundo explorando as características dessas regiões em uma colaboração com a National Geographic.
O objetivo foi entender os fatores que contribuem para a longevidade e o bem-estar dessas populações.
Sobre a autora desta newsletter
Monica Magalhaes é especialista em inovação disruptiva, é palestrante e educadora de inovação. Também é fundadora da Agência Disrupta de Exploração de Futuro e construção de experiências de inovação.