A nova era da Social WEB
Sem mais espaço para nada digital e sufocados de aplicativos, todos nos perguntamos: por que mais uma rede social?
5' no futuro é uma carta semanal aberta que abrange insights, tecnologias e tendências que observo. Tem algum assunto que gostaria de saber mais? Me mande uma mensagem ;)
A gente sabe que ama o que faz quando até durante as férias curte fazê-lo. O calor em Roma está inóspito, uma sala com ar-condicionado e uma janela com vista para o Vaticano me convidam a sentar e escrever. E já que no meio do caminho apareceu uma rede social nova porque não falar sobre isso, o futuro da Social Web.
CHECK-IN
✓ QUEM É VOCÊ NAS REDES SOCIAIS?: Sem mais espaço para nada digital e sufocados de aplicativos, todos nos perguntamos: por que mais uma rede social?
✓ O PASSADO: Twitter nasceu em 2006 e vive desde sempre paralelo a tudo isso
✓ O PRESENTE: Threads é o sétimo clone do Twitter. Sem novidades.
✓ O FUTURO: A pergunta que está sendo feita é errada. Não é se Threads vai substituir o Twitter.
QUEM É VOCÊ NAS REDES SOCIAIS
Meu dia nas redes sociais é como um passeio por diferentes lugares e em cada um faço uma atividade diferente. Quando acordo, vou até o Instagram, lá é onde estão meus amigos e minha família. Nos falamos rapidamente para conferir se está tudo bem e o que cada um fez no fim de semana. Também aproveito para ver os amigos que fazem atividades físicas e assim me inspiro, já que é ótimo para mim começar o dia com exercícios e alimentação saudável. Às vezes, quando o dia permite, acabo passando de novo por lá no final da noite para encontrar os amigos do happy hour.
Vou ao trabalho em vários momentos do meu dia no LinkedIn. Atualizo minhas entregas, converso com clientes e confiro as atividades dos amigos. Às vezes debatemos sobre liderança, aprendemos sobre competências novas e até desenvolvemos novas habilidades juntos.
Ao longo do meu dia, preciso me manter informada, então vou até o Twitter. Lá é um lugar muito confuso, sempre sai briga entre os vizinhos e, mesmo que eu resista, às vezes me pego participando de alguma confusão. Por lá rola muita coisa engraçada, piada, mas também tem bullying e assédio. Mesmo assim, sempre volto. Gosto de permanecer invisível, porque lá é o melhor lugar para observar o comportamento humano, as pessoas como elas realmente são e pensam.
Essa semana inauguraram uma vizinhança nova, chamada Threads. Assim que cheguei, já tinha uma casa pronta para mim. Foi só entrar e logo vi que meus amigos já estavam por lá, o pessoal do trabalho, a família, as notícias, a galera do happy hour, o pessoal do esporte, todo mundo junto no mesmo lugar. E nesse momento me perguntei: quem sou eu e o que farei por aqui?
Sem mais espaço para nada digital e sufocados de aplicativos, todos nos perguntamos: por que mais uma rede social?
A minha narrativa de relacionamento com as redes sociais é como a de muitos. Exploramos conteúdos diferentes em cada uma delas. Mas antes de falar do futuro, vamos olhar para o passado e presente para criarmos um contexto mais amplo e você conseguir construir sua própria hipótese sobre o futuro das redes sociais.
O PASSADO
MySpace foi lançado em 2003. Ali nasceu o conceito de redes sociais que se tornou mainstream e viveu bem até 2008, quando então chegou o Facebook em 2009 e a partir daí iniciou sua morte. Mas foi em 2011, com a chegada do Instagram, que o modelo de feed em ordem cronológica que conhecemos hoje foi lançado, dando início à era do algoritmo.
O Instagram apagou a luz do Facebook, que logo se tornou um espaço de monotonia e fofoca, e fez isso de novo em 2016 quando criou o Instagram Stories e drenou as forças do recém-chegado Snapchat. O Instagram é o lugar dos introvertidos e extrovertidos, onde os pais postam fotos dos filhos, dos pets e das viagens. É um lugar de exibição de conquistas e, consequentemente, de derrotas. É sobre vibes, um espaço para as celebrações e celebridades que expõem sua estética perfeita e criam um ambiente gerador de ansiedade.
A rede social no modelo monólogo chegou com o TikTok em 2014. Para atender uma juventude sem pretensão nenhuma que não seja ser mimético. Um lugar para uma grande massa consumidora e geradora de memes.
Já o Twitter nasceu em 2006 e vive paralelo a tudo isso. Por mais de uma década, abrigou nerds que gostam de debater tecnologias e novos gadgets, além de muitos jornalistas que haviam se lançado em blogs independentes e viram no Twitter um espaço para poder divulgar seu trabalho.
O PRESENTE
Julho de 2023 marca a chegada do Threads, mais uma rede social da Meta. O marco de 100 milhões de usuários em uma semana supera qualquer recorde, mas era esperado quando a estratégia era migrar a mesma base de usuários do Instagram.
Neeraj Agrawal escreveu a frase que melhor define o momento Meta: "É um marketing top down para as marcas". Um clone do Twitter? Sim, mas não foi o primeiro. Vamos lembrar que outras 6 redes foram lançadas ao longo do tempo, repetindo a mesma interface. Threads é agora o sétimo clone do Twitter. Sem novidades.
O FUTURO
As pessoas apreciam a liberdade de falarem o que pensam e querem fazer isso sem punição, características que esperam encontrar em um espaço público. Com 350 milhões de usuários e agora com estratégia de remuneração para criadores de conteúdo, o Twitter não será substituído pelo Threads.
Há muitos anos ele convive com outras redes. Supostamente, quem poderia ameaçá-lo seria a BlueSky, mas essa utilizou uma estratégia equivocada de usuários limitados, pessoas selecionadas, entrada apenas com convite, e o resultado é que ela não cresceu. A conta mais seguida até hoje é a da própria BlueSky, com menos de 50.000 seguidores.
A pergunta que está sendo feita é errada. Não é se Threads vai substituir o Twitter. Claro que irá abarcar alguns refugiados, mas quando olhamos para o passado trazido aqui alguns parágrafos acima, percebemos que mudança, quando chega, não é aquela criada na tentativa de ocupar espaços de outras redes que estavam em declínio. A coisa não funciona assim.
A verdade é que nossas preferências mudam, nossos hábitos mudam, queremos continuar indo para frente, e em algum momento, assim como o Facebook ficou velho, o Instagram também ficará para trás.
Adam Mosseri, o executivo da Meta responsável pelo Instagram, postou o seguinte no Threads na manhã de sexta-feira:
Eu não sei dizer se Threads vai se tornar mainstream, mas se ficar, não vai ser porque substituiu o Twitter, mas sim o próprio Instagram. E nada diz que ele não possa fazê-lo. A plataforma já roda sobre o mesmo algoritmo, suporta vídeos curtos e possui um carrossel que pode carregar até 10 imagens. Está disponível em mais de 100 países, mas por enquanto não para os europeus. Sorry!
Sem a visão de galeria, os criadores de conteúdo terão maior liberdade e velocidade para trabalhar sem padrões e perfeccionismo estético. Tanto o conteúdo do stories quanto o do feed podem ser absorvidos facilmente pelo Threads.
Resta saber se existe apetite e disposição do público para mudar, e isso pode acontecer de forma natural ou, quem sabe no futuro com um empurrão do Meta.
Eu, por enquanto estou curtindo minha casa nova no Threads, por lá trago meu alter-ego mais leve e despretensioso, mas sempre rico em conteúdo ;)
Boa semana, be fearless!!!
FILME: OS FABELMANS
Sinopse: Os Fabelmans, é sobre a vida de Steven Spielberg. No filme o protagonista Sammy Fabelman vive intensamente sua paixão pelo cinema, enquanto descobre o caso da mãe com o melhor amigo do pai enquanto edita um vídeo caseiro sobre uma viagem de fim de semana da família. Isso também aconteceu na vida real, quando Spielberg tinha 16 anos.
Lindo, delicado, engraçado e inspirador. Spielberg é um artista único.
Sobre a autora desta newsletter
Monica Magalhaes é especialista em inovação disruptiva, é palestrante e educadora de inovação. Também é fundadora da Agência Disrupta de Exploração de Futuro e construção de experiências de inovação.