A crescente solidão 60+
No Brasil, temos 12 milhões de lares que são habitados por uma única pessoa. Destes, 42% tem mais de 60 anos, mas quais são as razões dessa mudança?
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Semanas depois de completarem Bodas de Pratas, 25 anos de casados, meus pais se divorciaram. Acontece por aqui e acontece com Bill e Melinda Gates. Mas quão comum é a separação de casais que estão juntos há décadas?
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✓ OS SOLITÁRIOS: Cresce o número de brasileiros morando só
✓ GREY DIVORCE: A tendência é global, mais da metade tem mais de 60+
✓ ROBÔS: Dispara o mercado de robôs de companhia no Japão, um cheiro de como será o futuro do envelhecimento.
OS SOLITÁRIOS
Papai casou de novo, mamãe não e ela faz parte da estatística.No Brasil, temos 12 milhões de lares que são habitados por uma única pessoa, um crescimento de 12% desde o último censo do IBGE.
Dentre aqueles que moram sozinhos, 42% são pessoas com mais de 60 anos.
Nos EUA, esse cenário avança ainda mais rapidamente. Quase 16 milhões de pessoas têm idades entre 35 e 64 anos e aquelas com 65 anos ou mais.
Mas quais são as razões por trás dessa mudança em nossa sociedade? O artigo da CNN Health mais compartilhado dessa semana trouxe algumas possibilidades.
Os ganhos econômicos que as mulheres obtiveram no momento em que entraram para o mercado de trabalho? A mudança de atitude e posicionamento nos relacionamentos?
GREY DIVORCE
Um fator que impacta muito essa estatística e pegou os pesquisadores de surpresa foi o aumento nas taxas de divórcio entre adultos com mais de 50 anos.
O termo “divórcio cinza” passou a ser utilizado para descrever esse fenômeno – algo que costumava ser uma raridade, mas que agora se tornou muito mais comum.
Mais de um terço das pessoas que estão se divorciando agora têm mais de 50 anos, e não se pode ignorar que isso é novo.
E o que as pesquisas recentes mostram é que mais e mais pessoas vão envelhecer, provavelmente, sozinhas e fora do casamento.
Na minha experiência, num primeiro momento, parecia ilógico meus pais terminarem o casamento depois de tantos anos juntos, especialmente quando a maturidade chega e a pessoa prefere morrer sozinha a estar ao lado do companheiro escolhido.
Diferenças acumuladas durante anos, questões políticas, vacinas, máscaras, coisas que simplesmente afastam demais cônjuges e trazem esse sentimento de querer aproveitar o restante da vida com melhor qualidade mental.
Outro dado interessante é o número de pessoas que moram sozinhas e nunca se casaram, sendo que a maioria possui estabilidade financeira.
Um estereótipo que temos é o de achar que pessoas que vivem sozinhas são solitárias, mas a pesquisa também mostra que essas pessoas costumam ser mais ativas do que aquelas que vivem com um parceiro, pois saem com frequência com amigos e visitam filhos, netos e parentes.
A expectativa é que esse número cresça ainda mais com a chegada das próximas gerações e os impactos são diversos.
Markus Schafer, professor associado de sociologia na Baylor University que estuda envelhecimento e saúde, diz que muitas pessoas realmente acham atraente ter autonomia – não ter brigas diárias sobre quem vai lavar a louça ou onde vai a escova de dentes.
Mas quem vai cuidar de quem é a grande dúvida. E o mercado está de olho em como vender soluções.
ROBÔS
No Japão, os robôs de companhia estão se tornando amplamente utilizados e talvez esse seja um prenúncio de como será o futuro do envelhecimento por aqui também.
Esses robôs não se limitam apenas a tarefas práticas, mas também procuram proporcionar uma experiência emocional genuína. Eles podem conduzir conversas, contar histórias, reproduzir música, ajudar em tarefas diárias e até mesmo fornecer entretenimento. A intenção é criar uma ligação mais profunda entre humanos e máquinas, oferecendo uma alternativa para a solidão e a falta de interações sociais.
Mas é extremamente importante considerar como eles se encaixam em um contexto mais amplo de relacionamentos humanos e bem-estar emocional.
Esse vídeo da BBC conta um pouco sobre como eles estão sendo introduzidos neste grupo.
Um novo relatório publicado no mês passado pela Duke University sugere que robôs companheiros aprimorados por IA podem aliviar a crescente epidemia de solidão.
O estudo destaca a necessidade de considerações e diretrizes éticas sobre seu uso mas sugere fortemente que esses robôs companheiros podem ser uma solução imediata para indivíduos que vivem em isolamento.
Compartilhe comigo a sua percepção aqui nos comentários ;)
Boa semana, be fearless!!!
Podcast/Video: Ketamine Benefits & Risks
Resenha: Andrew Huberman é uma das referências pra mim em Futuro da Saúde e Bem-Estar. O professor na escola de medicina em Stanford tem um dos podcasts mais incríveis. Nesta semana onde muitos comentaram sobre os resultados positivos no tratamento de depressão com Cetamina ele levou o tema, que é polêmico para o podcast. Vale investir um tempo para conhecer um pouco mais sobre o que promete ser a cura da depressão.
Sobre a autora desta newsletter
Monica Magalhaes é especialista em inovação disruptiva, é palestrante e educadora de inovação. Também é fundadora da Agência Disrupta de Exploração de Futuro e construção de experiências de inovação.